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Nutrição em pediatria
Nutrição em Prematuridade
A duração de uma gestação normal é de 39 à 41 semanas completas, mas anualmente 15 milhões de crianças nascem antes desse período, ou seja, nascem prematuras. O parto prematuro é definido como parto que ocorre antes das 37 semanas gestacionais. Os riscos de resultados adversos para bebês prematuros aumentam acentuadamente com a diminuição do tempo gestacional, os principais vulneráveis são as crianças nascidas antes das 32 semanas gestacionais. Os bebês nascidos prematuros tardios, entre 34 e 36 semanas, apresentam menores riscos de mortalidade e morbidade infantil, mas seus problemas de saúde constituem uma parte substancial da demanda geral de doenças prematuras. No Brasil, o nascimento de bebês prematuros corresponde a 12,4% dos nascidos vivos, de acordo com dados do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Ministério da Saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estratifica os partos prematuros da seguinte forma: 22 a 27 semanas (extremamente prematuro), 28 a 31 semanas (muito prematuro) e 32 a 36 semanas (moderadamente prematuro). No entanto, os limiares de idade gestacional relevantes para a definição de subgrupos de prematuros têm sido objeto de debate. Os recém nascidos também podem ser classificados de acordo com o seu peso de nascimento em: baixo peso (< 2500g), muito baixo peso (< 1.500g) e muitíssimo baixo peso (< 1.000g).
O parto prematuro interrompe o fornecimento contínuo de nutrientes através da placenta que é extremamente importante para garantir o crescimento e desenvolvimento fetal normal. O crescimento após o nascimento é determinado principalmente por fatores genéticos e endócrinos em caso de nutrição suficiente, no entanto, ainda é um desafio garantir quantidades adequadas de nutrientes para bebês prematuros, especialmente em bebês com muito baixo peso ao nascer (menos de 1.500g).
Os bebês prematuros têm baixos estoques de nutrientes e maiores necessidades de nutrientes quando comparados a bebês que nascem à termo. Inicialmente, dependendo da idade gestacional do nascimento, eles podem não tolerar a alimentação enteral completa por causa da imaturidade do trato gastrointestinal sendo necessário a instalação da nutrição parenteral, como via de alimentação, de modo a evitar que estes bebês fiquem sem receber nutrientes e comprometa mais ainda seu estado nutricional.
A nutrição é um fator de extrema importância e que requer atenção dentro de uma unidade neonatal tendo em vista o objetivo de uma retomada pós-natal do crescimento nas taxas observadas no útero. Apesar da crescente melhoria dos cuidados neonatais, ainda é real o problema de restrição de crescimento extrauterino. Prover uma nutrição adequada é um imenso desafio tendo em vista que dela dependem a sobrevida, o crescimento e o desenvolvimento cognitivo e motor adequados, além de ser atuante na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis a longo prazo.
Em prematuros, a nutrição inadequada é uma das principais causas para o ganho insuficiente de peso após o nascimento. A imaturidade do trato gastrointestinal, dificuldades de alimentação devido à imaturidade dos movimentos de sucção, baixo suprimento de leite materno e falta de estoques de glicogênio hepático contribuem para a dificuldade de atender às necessidades nutricionais do recém-nascido prematuro, principalmente nos primeiros dias após o nascimento.
Energia e proteínas são essenciais para garantir o adequado crescimento e as funções metabólicas. A ingestão de energia recomendada por variar de acordo com o gasto de energia estimado e da via de alimentação, de modo geral são recomendadas menos calorias por nutrição via parenteral. O processo de digestão em si e a perda de nutrientes pelas fezes durante a alimentação enteral devem ser compensados com uma ingestão mais alta. Um maior gasto energético também é observado durante a termogênese, a recuperação do crescimento e atividade física, também reconhecidos como um aumento do trabalho respiratório. A ingestão de energia recomendada pode chegar a 135Kcal/ Kg ao dia durante a nutrição enteral, enquanto a nutrição parenteral esse valor pode chegar à 120Kcal/ Kg ao dia. Cabe ressaltar que a ingestão calórica ainda pode ser mais alta, especialmente para bebês com maiores demandas de energia, por exemplo, na vigência de doença pulmonar crônica grave ou aqueles com maiores perdas por estoma intestinal.
O leite materno deve sempre ser considerado como a primeira opção para alimentação (excesso nos casos a alimentação parenteral exclusiva se faz necessária) mas quando não está disponível é possível considerar o uso de leite humano doado ou o uso de fórmula pode ser considerada. As vantagens do uso do leite materno incluem: estimular a liberação de fatores reguladores endócrinos e metabólicos, como gastrina, enteroglucagon, motilina, neurotensina, peptídeo gastro inibidor e polipeptídeo pancreático no bebê; estimular o crescimento de Bifidobacterias e Lactobacillus no intestino; fornecimento de ácidos graxos essenciais que são importantes no desenvolvimento da retina e neurológico; diminuindo o risco de sepse e enterocolite necrosante; melhorar a tolerância alimentar e alcançar mais rapidamente a alimentação enteral completa, dentre inúmeros outros.
No entanto, há alguns casos em que o aleitamento materno por si só não é capaz de fornecer de maneira efetiva os nutrientes necessários ao crescimento e ao ganho de peso esperado. Devem ser considerados os suplementos multivitamínicos e de ferro além, de fosfato e cálcio adicionais, também poderem ser necessários. Nesses casos em que o leite materno não consegue suprir essa demanda elevada é possível a utilização de aditivos de leite humano ou de fórmulas lácteas específicas para recém-nascidos prematuros ou de baixo peso ou ainda as fórmulas lácteas para menores de 6 meses. Esses produtos podem ser utilizadas tanto por via oral de forma exclusiva, quanto de forma complementar ou ainda seu uso pode se dar via sonda ou gastrostomia. Vale destacar que alguns desses produtos têm seu uso definido como exclusivo para o meio hospitalar.
Cada caso deverá ser analisado individualmente pela equipe multidisciplinar, afim de estabelecer a melhor conduta nutricional, otimizando desta forma a atenção personalizada que cada recém-nascido prematuro requer.
Referências
- Asadi S, Bloomfield FH, Harding JE. Nutrition in late preterm infants. Seminários em Perinatologia 2019; 43(7):
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Delnord M, Zeitlin J .Epidemiology of late preterm and early term births – An international perspective. Seminars in Fetal and Neonatal Medicine 2019; 24: 3–10.
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Hay Jr.WW, Hendrickson KC. Preterm formula use in the preterm very low birth weight infant. Seminars in Fetal & Neonatal Medicine 2017; 22: 15-22.
-
Justyna CK. Mineral and nutritional requirements of preterm infant. Seminários em Medicina Fetal e Neonatal 2020; 25 (1): 101071.
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Muelbert M, Harding JE, Bloomfield FH. Nutritional policies for late preterm and early term infants – can we do better? Seminários em Medicina Fetal e Neonatal 2019; 24 (1): 43-47.
Nutrição em pediatria
Nutrição em Prematuridade
A duração de uma gestação normal é de 39 à 41 semanas completas, mas anualmente 15 milhões de crianças nascem antes desse período, ou seja, nascem prematuras. O parto prematuro é definido como parto que ocorre antes das 37 semanas gestacionais. Os riscos de resultados adversos para bebês prematuros aumentam acentuadamente com a diminuição do tempo gestacional, os principais vulneráveis são as crianças nascidas antes das 32 semanas gestacionais. Os bebês nascidos prematuros tardios, entre 34 e 36 semanas, apresentam menores riscos de mortalidade e morbidade infantil, mas seus problemas de saúde constituem uma parte substancial da demanda geral de doenças prematuras. No Brasil, o nascimento de bebês prematuros corresponde a 12,4% dos nascidos vivos, de acordo com dados do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Ministério da Saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estratifica os partos prematuros da seguinte forma: 22 a 27 semanas (extremamente prematuro), 28 a 31 semanas (muito prematuro) e 32 a 36 semanas (moderadamente prematuro). No entanto, os limiares de idade gestacional relevantes para a definição de subgrupos de prematuros têm sido objeto de debate. Os recém nascidos também podem ser classificados de acordo com o seu peso de nascimento em: baixo peso (< 2500g), muito baixo peso (< 1.500g) e muitíssimo baixo peso (< 1.000g).
O parto prematuro interrompe o fornecimento contínuo de nutrientes através da placenta que é extremamente importante para garantir o crescimento e desenvolvimento fetal normal. O crescimento após o nascimento é determinado principalmente por fatores genéticos e endócrinos em caso de nutrição suficiente, no entanto, ainda é um desafio garantir quantidades adequadas de nutrientes para bebês prematuros, especialmente em bebês com muito baixo peso ao nascer (menos de 1.500g).
Os bebês prematuros têm baixos estoques de nutrientes e maiores necessidades de nutrientes quando comparados a bebês que nascem à termo. Inicialmente, dependendo da idade gestacional do nascimento, eles podem não tolerar a alimentação enteral completa por causa da imaturidade do trato gastrointestinal sendo necessário a instalação da nutrição parenteral, como via de alimentação, de modo a evitar que estes bebês fiquem sem receber nutrientes e comprometa mais ainda seu estado nutricional.
A nutrição é um fator de extrema importância e que requer atenção dentro de uma unidade neonatal tendo em vista o objetivo de uma retomada pós-natal do crescimento nas taxas observadas no útero. Apesar da crescente melhoria dos cuidados neonatais, ainda é real o problema de restrição de crescimento extrauterino. Prover uma nutrição adequada é um imenso desafio tendo em vista que dela dependem a sobrevida, o crescimento e o desenvolvimento cognitivo e motor adequados, além de ser atuante na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis a longo prazo.
Em prematuros, a nutrição inadequada é uma das principais causas para o ganho insuficiente de peso após o nascimento. A imaturidade do trato gastrointestinal, dificuldades de alimentação devido à imaturidade dos movimentos de sucção, baixo suprimento de leite materno e falta de estoques de glicogênio hepático contribuem para a dificuldade de atender às necessidades nutricionais do recém-nascido prematuro, principalmente nos primeiros dias após o nascimento.
Energia e proteínas são essenciais para garantir o adequado crescimento e as funções metabólicas. A ingestão de energia recomendada por variar de acordo com o gasto de energia estimado e da via de alimentação, de modo geral são recomendadas menos calorias por nutrição via parenteral. O processo de digestão em si e a perda de nutrientes pelas fezes durante a alimentação enteral devem ser compensados com uma ingestão mais alta. Um maior gasto energético também é observado durante a termogênese, a recuperação do crescimento e atividade física, também reconhecidos como um aumento do trabalho respiratório. A ingestão de energia recomendada pode chegar a 135Kcal/ Kg ao dia durante a nutrição enteral, enquanto a nutrição parenteral esse valor pode chegar à 120Kcal/ Kg ao dia. Cabe ressaltar que a ingestão calórica ainda pode ser mais alta, especialmente para bebês com maiores demandas de energia, por exemplo, na vigência de doença pulmonar crônica grave ou aqueles com maiores perdas por estoma intestinal.
O leite materno deve sempre ser considerado como a primeira opção para alimentação (excesso nos casos a alimentação parenteral exclusiva se faz necessária) mas quando não está disponível é possível considerar o uso de leite humano doado ou o uso de fórmula pode ser considerada. As vantagens do uso do leite materno incluem: estimular a liberação de fatores reguladores endócrinos e metabólicos, como gastrina, enteroglucagon, motilina, neurotensina, peptídeo gastro inibidor e polipeptídeo pancreático no bebê; estimular o crescimento de Bifidobacterias e Lactobacillus no intestino; fornecimento de ácidos graxos essenciais que são importantes no desenvolvimento da retina e neurológico; diminuindo o risco de sepse e enterocolite necrosante; melhorar a tolerância alimentar e alcançar mais rapidamente a alimentação enteral completa, dentre inúmeros outros.
No entanto, há alguns casos em que o aleitamento materno por si só não é capaz de fornecer de maneira efetiva os nutrientes necessários ao crescimento e ao ganho de peso esperado. Devem ser considerados os suplementos multivitamínicos e de ferro além, de fosfato e cálcio adicionais, também poderem ser necessários. Nesses casos em que o leite materno não consegue suprir essa demanda elevada é possível a utilização de aditivos de leite humano ou de fórmulas lácteas específicas para recém-nascidos prematuros ou de baixo peso ou ainda as fórmulas lácteas para menores de 6 meses. Esses produtos podem ser utilizadas tanto por via oral de forma exclusiva, quanto de forma complementar ou ainda seu uso pode se dar via sonda ou gastrostomia. Vale destacar que alguns desses produtos têm seu uso definido como exclusivo para o meio hospitalar.
Cada caso deverá ser analisado individualmente pela equipe multidisciplinar, afim de estabelecer a melhor conduta nutricional, otimizando desta forma a atenção personalizada que cada recém-nascido prematuro requer.
Referências
- Asadi S, Bloomfield FH, Harding JE. Nutrition in late preterm infants. Seminários em Perinatologia 2019; 43(7):
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Delnord M, Zeitlin J .Epidemiology of late preterm and early term births – An international perspective. Seminars in Fetal and Neonatal Medicine 2019; 24: 3–10.
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Hay Jr.WW, Hendrickson KC. Preterm formula use in the preterm very low birth weight infant. Seminars in Fetal & Neonatal Medicine 2017; 22: 15-22.
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Justyna CK. Mineral and nutritional requirements of preterm infant. Seminários em Medicina Fetal e Neonatal 2020; 25 (1): 101071.
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Muelbert M, Harding JE, Bloomfield FH. Nutritional policies for late preterm and early term infants – can we do better? Seminários em Medicina Fetal e Neonatal 2019; 24 (1): 43-47.