Nutrição em pediatria

Reeducação Alimentar

Por reeducação alimentar podemos entender como sendo um processo de intervenção necessário à correção de hábitos alimentares que são deletérios à saúde de crianças e adolescente. Relaciona-se à prática dos princípios básicos da alimentação saudável sendo necessários ajustes qualitativos assim como muitas vezes os aspectos quantitativos das refeições. A reeducação alimentar de maneira geral é um processo mais longo e gradual, no entanto, quando incorporado de maneira efetiva ao cotidiano tende a trazer benefícios a curto e a longo prazo.

Infelizmente a reeducação alimentar só é pensada quando os pais ou responsáveis se deparam com a presença de algum acometimento na saúde das crianças e adolescentes. Em geral, a identificação de alguma condição como o ganho excessivo de peso, presença de dislipidemias ou alterações no metabolismo de carboidratos é o gatilho para iniciar esse processo.

A mudança do padrão alimentar e a redução da prática de atividade física resultam de relevante processo de transição nutricional que é vista nos últimos tempos. Esta modificação acarretou em consequências significativas tanto no estado nutricional quanto nas repercussões observadas em suas condições de saúde de um modo geral. A transição nutricional ocasionou um aumento no número de indivíduos apresentando excesso de peso ou obesidade, com a diminuição progressiva da desnutrição. No Brasil, correlaciona-se essa transição com a mudança no padrão socioeconômico da população nos últimos anos, assim como a associação com fatores ligados à urbanização e industrialização.

O excesso de peso têm sido uma questão em constante crescimento e de grande preocupação nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Os hábitos alimentares das crianças brasileiras vêm mudando ao longo das últimas décadas, onde houve um aumento considerável do consumo de alimentos processados e ultraprocessados em detrimento ao consumo de alimentos como arroz, feijão, legumes, frutas, ou seja, alimentos in natura e integrais. Esse novo perfil alimentar é em boa parte responsável pelo aumento da ingestão calórica, de colesterol total, colesterol de baixa densidade, sódio e carboidratos refinados.

Dietas muito restritivas e sem acompanhamento profissional adequado, uso de “shakes”, dietas da moda ou abuso de produtos dietéticos, que muitas vezes são praticados especialmente por adolescentes, tendem uma perda de peso rápida, porém com uma posterior recuperação do peso perdido, o tão conhecido “efeito sanfona”. Essa práticas podem ainda resultar em consequência negativas para a saúde, levar à alterações corporais não desejadas e à distúrbios do transtorno alimentar.

 Como já dito anteriormente, o processo de reeducação alimentar deve ser implementando de forma gradual, para que os benefícios das novas práticas alimentares sejam duradouras. De modo geral, esse processo é conduzido por nutricionistas ou por um grupo multidisciplinar, incluindo profissionais das áreas de nutrição, nutrologia, psicologia, educador físico, dentre outras, à depender da avaliação e necessidade de cada paciente.

Diversas estratégias podem ser adotadas, no entanto, elas dependerão de uma série de fatores, geralmente identificadas na anamnese dos pacientes. Fatores como a idade, as modificações alimentares que precisam ser implementadas, as prováveis dificuldades que o paciente ou familiares possam apresentar devem ser consideradas.  Deve-se ainda estabelecer os objetivos iniciais e finais, além de identificar do grau de interesse do próprio paciente e seus familiares ou responsáveis em participar do processo. Afinal todo planejamento e toda prática precisarão ser postas em execução e disso dependerá o interesse e a força de vontade dos envolvidos nesse processo.

 Dentre as estratégias nutricionais adotadas podemos citar os 10 passos para uma alimentação saudável, contidos dentro do Guia alimentar para a população brasileira, do Ministério da saúde. São eles:

  • Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados  a base da alimentação;
  • Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e crias preparações culinárias;
  • Limitar o consumo de alimentos processados;
  • Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;
  • Comer com regularidade e atenção em ambientes apropriados e, sempre que possível em companhia;
  • Fazer comprar em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;
  • Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;
  • Planejar o uso do tempo para dar atenção à alimentação o espaço que ela merece;
  • Dar preferência, quando estiver fora de cada a locais que servem refeições feitas na hora;
  • Ser crítico quanto às informações orientações e mensagens sobre alimentos veiculados em propagandas comerciais.

Fornecer receitas “alternativas” e mais saudáveis para as tão adoradas preparações calóricas, negociar as alterações que serão implementadas, incluir as crianças e adolescentes nas rotinas de compras, escolha e preparo das refeições também são estratégias que podem ser utilizadas. Nem sempre conseguimos todo o progresso que desejado em um curto espaço de tempo, o importante é persistir e ter paciência para que os objetivos sejam alcançados.

Referências

  • Florido LMP, et al. Combate à obesidade: estratégias comportamentais e alimentares. Revista Caderno de Medicina 2019; 2 (2): 80-89.
  • Pastor AA, et al. Reeducação alimentar e atividade física como tratamento não medicamentoso da obesidade em adolescentes 2019; 15 (2): 143-156.
  • Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a população brasileira. Brasília 2014. 158 páginas.

Nutrição em pediatria

Reeducação Alimentar

Por reeducação alimentar podemos entender como sendo um processo de intervenção necessário à correção de hábitos alimentares que são deletérios à saúde de crianças e adolescente. Relaciona-se à prática dos princípios básicos da alimentação saudável sendo necessários ajustes qualitativos assim como muitas vezes os aspectos quantitativos das refeições. A reeducação alimentar de maneira geral é um processo mais longo e gradual, no entanto, quando incorporado de maneira efetiva ao cotidiano tende a trazer benefícios a curto e a longo prazo.

Infelizmente a reeducação alimentar só é pensada quando os pais ou responsáveis se deparam com a presença de algum acometimento na saúde das crianças e adolescentes. Em geral, a identificação de alguma condição como o ganho excessivo de peso, presença de dislipidemias ou alterações no metabolismo de carboidratos é o gatilho para iniciar esse processo.

A mudança do padrão alimentar e a redução da prática de atividade física resultam de relevante processo de transição nutricional que é vista nos últimos tempos. Esta modificação acarretou em consequências significativas tanto no estado nutricional quanto nas repercussões observadas em suas condições de saúde de um modo geral. A transição nutricional ocasionou um aumento no número de indivíduos apresentando excesso de peso ou obesidade, com a diminuição progressiva da desnutrição. No Brasil, correlaciona-se essa transição com a mudança no padrão socioeconômico da população nos últimos anos, assim como a associação com fatores ligados à urbanização e industrialização.

O excesso de peso têm sido uma questão em constante crescimento e de grande preocupação nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Os hábitos alimentares das crianças brasileiras vêm mudando ao longo das últimas décadas, onde houve um aumento considerável do consumo de alimentos processados e ultraprocessados em detrimento ao consumo de alimentos como arroz, feijão, legumes, frutas, ou seja, alimentos in natura e integrais. Esse novo perfil alimentar é em boa parte responsável pelo aumento da ingestão calórica, de colesterol total, colesterol de baixa densidade, sódio e carboidratos refinados.

Dietas muito restritivas e sem acompanhamento profissional adequado, uso de “shakes”, dietas da moda ou abuso de produtos dietéticos, que muitas vezes são praticados especialmente por adolescentes, tendem uma perda de peso rápida, porém com uma posterior recuperação do peso perdido, o tão conhecido “efeito sanfona”. Essa práticas podem ainda resultar em consequência negativas para a saúde, levar à alterações corporais não desejadas e à distúrbios do transtorno alimentar.

 Como já dito anteriormente, o processo de reeducação alimentar deve ser implementando de forma gradual, para que os benefícios das novas práticas alimentares sejam duradouras. De modo geral, esse processo é conduzido por nutricionistas ou por um grupo multidisciplinar, incluindo profissionais das áreas de nutrição, nutrologia, psicologia, educador físico, dentre outras, à depender da avaliação e necessidade de cada paciente.

Diversas estratégias podem ser adotadas, no entanto, elas dependerão de uma série de fatores, geralmente identificadas na anamnese dos pacientes. Fatores como a idade, as modificações alimentares que precisam ser implementadas, as prováveis dificuldades que o paciente ou familiares possam apresentar devem ser consideradas.  Deve-se ainda estabelecer os objetivos iniciais e finais, além de identificar do grau de interesse do próprio paciente e seus familiares ou responsáveis em participar do processo. Afinal todo planejamento e toda prática precisarão ser postas em execução e disso dependerá o interesse e a força de vontade dos envolvidos nesse processo.

 Dentre as estratégias nutricionais adotadas podemos citar os 10 passos para uma alimentação saudável, contidos dentro do Guia alimentar para a população brasileira, do Ministério da saúde. São eles:

  • Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados  a base da alimentação;
  • Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e crias preparações culinárias;
  • Limitar o consumo de alimentos processados;
  • Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;
  • Comer com regularidade e atenção em ambientes apropriados e, sempre que possível em companhia;
  • Fazer comprar em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;
  • Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;
  • Planejar o uso do tempo para dar atenção à alimentação o espaço que ela merece;
  • Dar preferência, quando estiver fora de cada a locais que servem refeições feitas na hora;
  • Ser crítico quanto às informações orientações e mensagens sobre alimentos veiculados em propagandas comerciais.

Fornecer receitas “alternativas” e mais saudáveis para as tão adoradas preparações calóricas, negociar as alterações que serão implementadas, incluir as crianças e adolescentes nas rotinas de compras, escolha e preparo das refeições também são estratégias que podem ser utilizadas. Nem sempre conseguimos todo o progresso que desejado em um curto espaço de tempo, o importante é persistir e ter paciência para que os objetivos sejam alcançados.

Referências

  • Florido LMP, et al. Combate à obesidade: estratégias comportamentais e alimentares. Revista Caderno de Medicina 2019; 2 (2): 80-89.
  • Pastor AA, et al. Reeducação alimentar e atividade física como tratamento não medicamentoso da obesidade em adolescentes 2019; 15 (2): 143-156.
  • Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a população brasileira. Brasília 2014. 158 páginas.