Nutrição em pediatria

Dieta Cetogênica na Epilepsia Refratária

A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns no mundo, afetando quase 50 milhões de pessoas. É caracteriza por uma predisposição permanente do cérebro em originar crises epilépticas, resultado de uma atividade elétrica anormal do órgão, o que causa convulsões ou comportamento e sensações incomuns, podendo levar até à perda de consciência.

O diagnóstico de epilepsia deve ser feito de acordo com níveis de classificação, que levam em consideração tipo de crise apresentada; características clínicas e eletroencefalográficas.

A epilepsia pode se desenvolver em qualquer fase da vida sendo mais prevalente em crianças e idosos considerado sem um dos distúrbios neurológicos mais frequentes e graves na infância, com incidência de 1% na população infantil.

O risco de morte prematura entre pessoas com epilepsia é até três vezes maior do que entre a população em geral. Em países de baixa e média renda, a taxa de morte prematura entre indivíduos com esse problema de saúde é significativamente maior do que nos países de renda alta.

O elevado risco de morbidade pode estar relacionada a acidentes e traumas, crises prolongadas e morte súbita; a um risco aumentado de comorbidades psiquiátricas, sobretudo depressão e ansiedade; como também a inúmeros problemas psicossociais levando o indivíduo ao isolamento social e desemprego.

De acordo com o Ministério da Saúde “o objetivo do tratamento da epilepsia é propiciar a melhor qualidade de vida possível para o paciente, pelo alcance de um adequado controle de crises, com um mínimo de efeitos adversos, buscando, idealmente, uma remissão total das crises”.

Durante muitos anos os fármacos antiepilépticos foram considerados como exclusivos no tratamento da epilepsia entretanto cerca de 30% dos quadros de epilepsia são considerados farmacoresistente ou também conhecida como refratária ou seja, não respondem bem ao tratamento com pelo menos dois anticonvulsivantes de primeira linha.

Existem ainda evidencias que cerca de um quinto de crianças epilépticas não respondem adequadamente as drogas antiepilépticas disponíveis sendo necessário doses elevadas, com efeitos colaterais importantes.

Com isso, nas últimas décadas, outros tratamentos vem sendo considerados como fundamentais, associados a terapia medicamentosa, para controlar as crises convulsivas e evitar agravamento do quadro clínico, principalmente neurológico. Dentre estes tratamentos alternativos destacamos o advento da Dieta Cetogênca (DC).

A DC trata-se de uma dieta rica em gorduras, adequada em proteínas e reduzida em carboidratos que mimetiza o estado metabólico do jejum, enquanto o organismo está em estado anabólico.  Foi criada por Wilder, em 1921 considerando que o jejum exercia uma ação anticonvulsivante em pacientes epilépticos mantendo uma produção hepática contínua de corpos cetônicos tanto no estado alimentado quanto no jejum. Em termos práticos, instituir a DC significa manter uma dieta com razão, em gramas, de lipídios para carboidratos e proteínas acima de 3:1. 

A popularidade da DC clássica cresceu na década de 1990 assim como a dieta de Atkins modificada que consiste na indução da cetose sem restrição de líquidos, calorias e proteínas e ainda não necessita de jejum.

A Dieta Cetogênica é uma opção terapêutica em crianças com Epilepsia Refratária; crianças com efeitos colaterais intoleráveis aos medicamentos antiepiléticos e para as que apresentem algumas doenças metabólicas, como por exemplo Deficiência do Transportador de Glicose tipo I (GLUT1 DS) e na Desidrogenase de Piruvato Deficiência Complexa (PDHC). 

A frequência de crises correlaciona-se diretamente com o prognóstico da doença sendo o risco de letalidade em pediatria o mais alto entre os pacientes com a epilepsia intratável sendo então a DC uma opção de tratamento para a redução das crises convulsivas neste grupo.

Os efeitos benéficos da DC nas convulsões de difícil controle já foram comprovados em diversos estudos. Segundo Dressler e colaboradores em 2015 o uso da DC promove uma redução de 50% das crises em cerca de 70% dos pacientes, nos três meses de intervenção dietética. Vale destacar que, quanto mais precoce o início da dieta, maior a chance de remissão parcial ou total das crises epilépticas.

Referências

  • Dressler A, Trimmel-Schwahofer P, Reithofer E, Gröppel G, Mühlebner A, Samueli S, Grabner V, Abraham K, Benninger F, Feucht M. The ketogenic diet in infants–Advantages of early use. Epilepsy Res. 2015 Oct;116:53-8;

Nutrição em pediatria

Dieta Cetogênica na Epilepsia Refratária

A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns no mundo, afetando quase 50 milhões de pessoas. É caracteriza por uma predisposição permanente do cérebro em originar crises epilépticas, resultado de uma atividade elétrica anormal do órgão, o que causa convulsões ou comportamento e sensações incomuns, podendo levar até à perda de consciência.

O diagnóstico de epilepsia deve ser feito de acordo com níveis de classificação, que levam em consideração tipo de crise apresentada; características clínicas e eletroencefalográficas.

A epilepsia pode se desenvolver em qualquer fase da vida sendo mais prevalente em crianças e idosos considerado sem um dos distúrbios neurológicos mais frequentes e graves na infância, com incidência de 1% na população infantil.

O risco de morte prematura entre pessoas com epilepsia é até três vezes maior do que entre a população em geral. Em países de baixa e média renda, a taxa de morte prematura entre indivíduos com esse problema de saúde é significativamente maior do que nos países de renda alta.

O elevado risco de morbidade pode estar relacionada a acidentes e traumas, crises prolongadas e morte súbita; a um risco aumentado de comorbidades psiquiátricas, sobretudo depressão e ansiedade; como também a inúmeros problemas psicossociais levando o indivíduo ao isolamento social e desemprego.

De acordo com o Ministério da Saúde “o objetivo do tratamento da epilepsia é propiciar a melhor qualidade de vida possível para o paciente, pelo alcance de um adequado controle de crises, com um mínimo de efeitos adversos, buscando, idealmente, uma remissão total das crises”.

Durante muitos anos os fármacos antiepilépticos foram considerados como exclusivos no tratamento da epilepsia entretanto cerca de 30% dos quadros de epilepsia são considerados farmacoresistente ou também conhecida como refratária ou seja, não respondem bem ao tratamento com pelo menos dois anticonvulsivantes de primeira linha.

Existem ainda evidencias que cerca de um quinto de crianças epilépticas não respondem adequadamente as drogas antiepilépticas disponíveis sendo necessário doses elevadas, com efeitos colaterais importantes.

Com isso, nas últimas décadas, outros tratamentos vem sendo considerados como fundamentais, associados a terapia medicamentosa, para controlar as crises convulsivas e evitar agravamento do quadro clínico, principalmente neurológico. Dentre estes tratamentos alternativos destacamos o advento da Dieta Cetogênca (DC).

A DC trata-se de uma dieta rica em gorduras, adequada em proteínas e reduzida em carboidratos que mimetiza o estado metabólico do jejum, enquanto o organismo está em estado anabólico.  Foi criada por Wilder, em 1921 considerando que o jejum exercia uma ação anticonvulsivante em pacientes epilépticos mantendo uma produção hepática contínua de corpos cetônicos tanto no estado alimentado quanto no jejum. Em termos práticos, instituir a DC significa manter uma dieta com razão, em gramas, de lipídios para carboidratos e proteínas acima de 3:1. 

A popularidade da DC clássica cresceu na década de 1990 assim como a dieta de Atkins modificada que consiste na indução da cetose sem restrição de líquidos, calorias e proteínas e ainda não necessita de jejum.

A Dieta Cetogênica é uma opção terapêutica em crianças com Epilepsia Refratária; crianças com efeitos colaterais intoleráveis aos medicamentos antiepiléticos e para as que apresentem algumas doenças metabólicas, como por exemplo Deficiência do Transportador de Glicose tipo I (GLUT1 DS) e na Desidrogenase de Piruvato Deficiência Complexa (PDHC). 

A frequência de crises correlaciona-se diretamente com o prognóstico da doença sendo o risco de letalidade em pediatria o mais alto entre os pacientes com a epilepsia intratável sendo então a DC uma opção de tratamento para a redução das crises convulsivas neste grupo.

Os efeitos benéficos da DC nas convulsões de difícil controle já foram comprovados em diversos estudos. Segundo Dressler e colaboradores em 2015 o uso da DC promove uma redução de 50% das crises em cerca de 70% dos pacientes, nos três meses de intervenção dietética. Vale destacar que, quanto mais precoce o início da dieta, maior a chance de remissão parcial ou total das crises epilépticas.

Referências

  • Dressler A, Trimmel-Schwahofer P, Reithofer E, Gröppel G, Mühlebner A, Samueli S, Grabner V, Abraham K, Benninger F, Feucht M. The ketogenic diet in infants–Advantages of early use. Epilepsy Res. 2015 Oct;116:53-8;